segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sporting CP, um case study de falta de militância

Sporting Clube de Portugal a viver tempos menos bons

Clube de grandes tradições no panorama desportivo português e que é mesmo aquele que mais títulos tem conquistados no seu vasto conjunto de modalidades praticadas no panorama nacional e que internacionalmente só é batido pelo Barcelona, a realidade do Sporting CP, que não há muitos anos tinha os seus adeptos apelidados como os melhores do Mundo pela presença constante, mesmo quando a adversidade lhe batia à porta com regularidade, sobretudo no futebol, a modalidade rainha, os dias de hoje são diametralmente opostos e começa a soar o gongue de alarme no reino do leão.
Sabendo-se que o contexto económico actual e que até os horários dos jogos devido às constantes transmissões televisivas não são nada apelativos e até demovem a presença das pessoas nos estádios, a realidade contudo é que o Sporting CP começa a perder militância a cada ano que passa, sendo os últimos quatro anos aqueles que mais desertificação têm gerado, com a média de assistência desta época até ao momento a rondar os 21939 espectadores, a mais baixa desde sempre desde a fundação do novo Estadio José Alvalade.
Com uma política de algum distanciamento em relação ao associativismo, sobretudo após a entrada em acção daquilo a que se convencionou chamar de "Projecto Roquette", quando um grupo de gestores sobretudo ligados ao mundo da banca e pouco conhecedores do fenómeno desportivo entraram a substituir José Sousa Cintra, um presidente de matriz popular, acabou por subtrair associativismo e a criar no clube uma componente empresarial que tendo trazido algumas valias, deram ao clube um "tiro" naquilo que era o seu coração: o associativismo e a extinçao de modalidades carismáticas  e ganhadoras  como o voleibol, o hóquei em patins - esta entretanto retomada - e o basquetebol, a que acresceu o facto de não ter sido pensada a construção de um pavilhão para o novo complexo desportivo.
Com erros demasiados fora de campo e com falta de dinheiro para investir no futebol, a principal fonte de negócio do clube, a realidade de hoje do Sporting CP, um bastião do desporto nacional, é preocupante e motivará decerto preocupação junto de José Eduardo Bettencourt e seus pares, que têm visto as game box a decaírem nas suas vendas ano após ano e os associados, esse bem tão essencial a qualquer organização, a retirarem em debandada até aos números de hoje, bastante abaixo dos seus principais rivais SL Benfica e FC Porto e a aproximaram-se vertiginosamente dos números do Sp. Braga e do Vitória de Guimarães.
Não vou ao ponto de dizer que o Sporting CP está a caminho daquilo a que se chama de belenensização, pese o respeito por mim tido a este clube lisboeta, até porque a expressão de ambos nunca foi igual, mas que urge arrepiar caminho, essa é uma realidade inquestionável.
Miguel Sousa Tavares dizia há dias nas páginas de A Bola que um dos problemas graves do Sporting CP é que havia perdido uma geração de adeptos pelo facto de ganhar pouco e não ser apelativo aos jovens.
Concordo plenamente e sugiro aos dirigentes actuais e aos vindouros que tenham em atenção a componente associativa. É que os sócios não são números, são muito mais do que isso e se o clube se quiser elitizar ao extremo e perder a componente popular, aí sim os dias que virão serão de muita preocupação.
Não é irreversível, eu sou dos que acredito que o Sporting CP irá dar a volta por cima, embora uma mudança de atitude das suas cúpulas seja precisa e com carácter de muito urgente.

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