sábado, 11 de dezembro de 2010

Chicotada psicológica, a quem serve os intentos?

Chicote, um objecto típico no mundo do futebol
Aproveitando o anterior post sobre o "chicote", mais concretamente sobre Rafa Benitez, apetece-me dizer que sendo latino e por excelência emocional, o que me leva por vezes a exacerbar ao extremo as críticas aos treinadores, muitas vezes fundamentadas em nada, até porque o futebol não é uma ciência exacta, vou hoje escrever a minha opinião sobre a "chicotada psoicológica", que atinge sempre os treinadores, sem que o "chicote" alguma vez fosse mais lato e se arrastasse aos jogadores e até a muitos dirigentes impreparados para a missão.
A besta e o bestial convivem no futebol de forma quase diária, com os treinadores que são os ídolos de hoje a serem os réus de amanhã. Não é de hoje esta situação, e sempre existirá, principalmente quando a vitória é a única coisa que é aceitável para alguns, mesmo quando os argumentos do seu plantel são bem mais modestos  do que os dos opositores em compita.
Por isso, sendo latino, louvo a cultura anglo-saxónica. Será que Alex Ferguson ou mesmo Arséne Wenger, dois monstros do futebol internacional, conseguiriam implementar as suas ideias, com a aposta em jogadores da formação de forma deliberada em clubes portugueses, perdendo três ou quatro jogos consecutivos? A isto respondo claramente que não. Não resisitiriam, dada a "cultura" reinante de quase todos os dirigentes nacionais.
Quando por exemplo Filipe Soares Franco se referiu a Paulo Bento, então treinador do Sporting CP, como o "Alex Ferguson" de Alvalade o país abriu a boca de espanto e não houve quem o não acusasse de megalómano e de não saber o que estava a dizer. O que é certo é que a aposta na formação e com ela algumas conquistas de troféus para quem saíu dos juniores para treinar a equipa principal resultou muito bem. No entanto, e devido à tal "cultura" reinante, Paulo Bento sairia mesmo pela porta dos fundos.
Tudo isto para chegar a dois nomes que eram idolatrados e levados ao colo na época anterior e hoje tão mal amados são junto dos "seus". Refiro-me a Litos e a Jorge Jesus, treinadores de clubes com realidades diferentes mas com o mesmo denominador comum: o espectro da chicotada. Por isso, como explicar isto sem achar que o futebol sendo cada vez mais uma indústria não tenha dirigentes que o vejam racionalmente e com os pés assentes no chão. Os treinadores bons de ontem têm alguma possibilidade de serem os maus de amanhã?
Em Portugal e nos países mais emocionais têm seguramente. Onde o futebol é vivido como um jogo - Inglaterra é o exemplo paradigmático - e onde os treinadores bons de hoje continuarão bons daqui a 20 anos não existem as tais "chicotadas" tão amiúde.
Erradicar mentalidades é difícil. Para mim, assumo que sou claramente contra as chicotadas psicológicas a meio da época. Sou muito mais favorável por exemplo a que os dirigentes assumam as responsabilidades em conjunto ao invés de sacudirem a água do capote e culparem sempre os mesmos: os treinadores.
Chicotadas psicológicas não passam na maioria dos casos de jogadas dos dirigentes para agradar aos adeptos irracionais e desavindos, empurrando o cerne do problema com a barriga.
O nacional porreirismo levado ao extremo!

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